Copa é diversão
“Eu tenho direito a quatro ingressos por jogo. Vai ser bom demais. Nessa época eu vou tirar férias. Estarei aqui como torcedor. Não quero trabalhar não. Na Copa eu estarei me divertindo!”. O chefe de segurança do jogo de abertura do Green Point Stadium estava ali na labuta, mas garante que em junho será só diversão. No jogo de abertura, que recebeu menos de um terço da capacidade total do estádio, Wynand Du Toit tinha uma importante função para uma das principais cidades da Copa do Mundo 2010. “Meu papel aqui é avaliar e sugerir soluções e alternativas para aprimorar esse tipo de serviços em eventos de grande porte.” Aos olhos de quem já trabalha no ramo desde 1999, aquele jogo foi tranqüilo, sem brigas e seguro. Mas falta identificação para o torcedor no interior no estádio. Informações sobre como se locomover: entradas, saídas, banheiros, lojas.
Naquele último dia 23, o Santos levou a melhor. Meteu seis na rede e levou 5. Segundo a maioria dos brasileiros, foi um jogo feio. 90 minutos sem grandes emoções. Nenhum gol. O jogo foi decidido nos pênaltis. Para o chefe de segurança, o resultado também refletiu num bom dia de trabalho. Fácil de avaliar as falhas na estrutura do estádio e um bom número de pessoas convencidas de um resultado não muito massacrante. “Equilibrado”, segundo Wynand.
“São 480 seguranças ao todo. 40 em cada uma das três entradas, com 11 portões cada”. Com os números na ponta da língua, o chefe de segurança explica parte de seu trabalho na prática, mostrando o fluxo de pessoas que deixam o estádio: “Olhando eu posso calcular por estimativa. Saem 400 pessoas por minuto. Logo, se são 20 mil pessoas, em uma hora o estádio estará vazio. É assim que eu trabalho. Para esse fluxo de pessoas não é necessário abrir todos os portões. Aqui agora, por exemplo, temos cinco abertos e seis fechados, entende?”, questiona.
Vuvuzela na cabeça
O som das cornetas se escutava muito além das imediações do estádio. O vento forte de Cape Town levava a sinfonia até a praia de Green Point, logo ali perto. Para alguns torcedores e muitos funcionários, o brinquedinho é sinônimo de dor de cabeça e incômodo. Wynand acredita que pode ser positivo para os jogadores. Uma forma de estímulo na hora de ganhar uma partida. “Quando eu jogo rúgbi, por exemplo, eu adoro escutar torcida. Você se sente motivado. Mas quando estou trabalhando, eu tenho dor de cabeça com o som das vuvuzelas. É barulho demais!”
O mesmo estádio de futebol também é palco de rúgbi. Esse sim é o esporte preferido de Wynard. Para jogar e para trabalhar. “Mas depende. Alguns são melhores que outros, não tem regra. Depende de várias coisas: do humor da gente, do dia, da vibração do momento.” Durante a semana trabalha também como chefe de segurança num campo de Golf em Stellenboch (3). De vez em quando pega alguns eventos extras. “Mas quando pega todo o fim de semana é muito ruim. Porque tenho o meu trabalho durante a semana e, às vezes, pego esses eventos para quem eu presto consultoria. O fim de semana é o tempo que eu tenho para me divertir. Acabo dormindo muito pouco, quando tenho que trabalhar. Depois do evento eu ainda saio e tenho que ficar com minha família também, minha esposa, meus dois filhos”, queixa-se.
Torcida do Santos comemorando a vitória
Buraco da Fechadura
1 -Eu fui uma das retardatárias que estava lá, tentando comprar tickets na hora. Claro que eu não consegui entrar. Não estava disposta a pagar um ingresso tão caro. O papo foi bom com o segurança.
2 - Quilômetros antes dos portões do estádio Castelão já se pode ouvir os cambistas gritando: “Ó o ingresso, ingresso, ingresso”. Ou mesmo dias antes na porta do shopping Benfica, onde se localiza a loja dos torcedores que vendem os ingressos. Em dias de clássicos como Ceará e Fortaleza, sempre tem um baixinho de boné vendendo um ingresso extra, sem muito pudor. Futebol combina com cerveja gelada. Essa premissa faz com que todos os bebedores de cerveja que freqüentam os estádios de futebol em Fortaleza amem os ambulantes. Com o isopor apoiado no ombro, eles vão passando no meio do furdunço gritando: “cerveja, cerveja, cerveja”. No Castelão assisti cerca de quatro jogos e pude acompanhar bem esse movimento. No PV eu nunca entrei, mas acompanhei durante cinco anos que estudei no Benfica o que acontece com o entorno do estádio em dias de jogo. Tem barraquinha de cachorro quente em todo canto. Não consigo imaginar essa lei funcionando no Brasil. Imaginem proibir os ambulantes nos estádios? Acho que os torcedores não iam gostar nadinha.
3 - Stellenboch é uma região próximo a Cape Town onde se encontram grandes vinícolas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário