quinta-feira, 21 de julho de 2011

Chegando em Chiapas



Conhecer o México por Chiapas é um belo exercício de alteridade. A descendência maia está estampada na cara de cada criança que se vê, a cada passo que se dá na rua. O país é jovem. As crianças estão por toda parte. As ruas de Tuxtla Gutierrez, capital do estado, e São Cristóbal de Las Casas estão cheias de niños. A maioria estão trabalhando. Vendem artesanato enquanto cuidam também dos irmãos. Brincam nas praças e ganham o dinheiro para a próxima refeição. Achei que não me depararia com a multidão esperada apenas na Cidade do México, afinal, são 19 milhões de habitantes em todo DF. Mas por aqui também tem gente saindo pelo ladrão. Ruas sempre cheias de gente andando, muitos carros, ônibus, topics. Todos buzinam descompassadamente. O trânsito é completamente louco. E pasmem, aqui no México não se faz prova prática para tirar a carteira de habilitação. O pedestre está sempre em atenção constante.

Tuxtla Gutierrez é uma cidade de muito comércio, porém nem tão assediada por estrangeiros quanto eu imaginava que fosse. São 400 mil habitantes e os chiapanecos daqui não transformaram a cidade num espaço para turista. Lembrei do Cariri. Situada num vale, rodeada por um cinturão de montanhas, parece o Juazeiro do Norte – inclusive com aquele clima nada ameno típico. O comércio informal está por toda a parte. Feira de rua ganha as praças. Nos fins de semana, a população se diverte nos espaços públicos. Do pobre ao rico. Vê-se o vendedor de balão presenteando a criança que vende bolsa e artesanato na praça. O show de marimba anima a terceira idade e os jovens que bailam em volta do coreto central, ao som das músicas tradicionais chiapaneca. No mercado da cidade, encontra-se tudo e todos, onde se almoça bem por 35 pesos (R$ 5,00). Da fruta ao pão, tudo aquí vem com chile e limão. Lugar de comida saborosa e frutas exóticas. Conheci duas que me encantaram. Guaya e Rambutan. A primeira é uma variação da pitomba, só que mais doce; a outra, uma variação da lichia, só que maior e mais carnuda. Ou seja, muito mais gostosas que as de referência. Só tenho pegado a estrada aquí com um saco de rambotam na bolsa. A guaya me serviu de consolo para acompanhar a cervejinha no boteco no dia que o Brasil foi desclassificado da Copa América. No entorno da cidade, o ponto turístico mais visitado da região é uma exuberância natural. O Cañon Del Sumidero possui 14km de comprimento e até 1km de altura, em sua parte mais alta. O rio Grijalva corta os paredões de rocha cravado no meio da vegetação e é abrigo de muitas espécies de animais, como macacos, gatos do mato, cobras, passáros e os não tão amistosos crocodilos(1), que não nos deixam refrescar-se do calor miserável que é o forninho Tuxtla. O passeio de barco foi incrível, porém quase completo. Faltou o banho!







Buraco da Fechadura

1.Os mexicanos são muito simpáticos e solícitos, mas, às vezes, são bem enrolados em burocracias e têm uma grande dificuldade em dizer NÃO. São pouco objetivos e isso tem me deixado com a pulga atrás da orelha - ainda não chegou a me irritar. Nesse dia do passeio pelo Canion, eu perguntei ao guia se era possível tomar banho no rio. Ele me enrolou, disse que tinha que pedir uma permissão para o barqueiro, que os balneários eram privados, que isso, que aquilo, mas que eu podia conversar na hora do passeio com o cara do barco e verificar se era possível o banho, mas que ele achava improvável. Enfim, era só dizer que tinha crocodilo, teria sido tão mais simples de me convencer. Logo que começamos o passeio pude ver os bichinhos nadando da margem do rio. M-E-D-O!

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