sexta-feira, 5 de agosto de 2011
"Dale, dale! Bien en su colita!"
- Ese ya está viejo, dejalo!
- Quiero ver sangre!
Entrei na arena daquele ginásio atrasada, escutando estes gritos e levemente tensa. Não sabia exatamente o que me aguardava ali dentro. Ao centro, um ringue, lutadores mascarados, um juiz e uma mesa de narradores. Entre o público, a grande surpresa: familias e famílias com suas crianças. A euforia da molecada já denunciava a diversão generalizada. Um programa bem mais leve do que eu imaginava que iria encontrar numa luta livre. Logo que sentei na cadeira que me cabia, tendo pagado o preço mais barato, comecei a entender de que não se tratava exataemente de sangue. A luta livre mexicana é um espetáculo. Uma mistura de acrobacia, humor, luta, circo, alterofilismo e performance. Os lutadores são personagens, heróis para a criançada que torcem fervorosamente pelos seus prediletos. As lutas são teatralizadas e brinca-se – com muita propriedade - com a arte de atuar. Entre um golpe e outro, a habilidade de fingir é colocada em xeque, o que apimenta mais o espetáculo, levando o público a gritos fervorosos.
Entre um copo de cerveja e outro, Alejandro, 34 anos, fanático por luta livre, assiste atento ao duelo da noite de um sábado qualquer em Tuxtla. No seu colo, o pequeno Davi brincava com seu ringue de plástico. A outra filha, Liliane, 16 anos, não nega: “Papai traz a gente desde pequenininho. Eu adoro. Só não gosto quando o juiz se mete. Ele sempre atrapalha as melhores lutas”. Quando questionei Alejandro sobre a possibilidade de qualquer incentivo a violencia, foi enfático: “a luta livre mexicana é cultura, faz parte do nosso país. É um esporte como qualquer outro. É humor, alegria, não violência. Eu diria que o futebol é até mais violento que a luta livre. Cresci assistindo e hoje tenho meus valores muito bem definidos. Trago minha familia toda.”
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